quarta-feira, 29 de agosto de 2018

(Re)Nascer

Todo dia é dia. A gente nasce, renasce. Por mais que possamos pensar que somos a mesma pessoa que éramos quando jovens, não conseguimos, nem sequer ser a mesma pessoa que fomos ontem.

Vontades, sonhos, desejos, sentimentos... são mutáveis. Se nem mesmo a água que, um dia foi nascente, no outro virou rio e hoje é mar, pode ser a mesma, como podemos nós sermos os mesmos? Pessoas entram e saem de nossas vidas todos os dias, aprendemos com elas coisas que levamos conosco e que, consequentemente, nos transformam.

Um dia nasci filha, sobrinha, neta, outro dia (re)nasci prima, depois irmã. Já (re)nasci aluna, professora, amiga, namorada. (Re)Nasci esposa e fui feliz, outro dia (re)nasci a pessoa mais infeliz que conheci. Re(Nasci) mais leve pra vida com meu divórcio. Nasço e renasço todos os dias diferente do que já posso ter sido um dia. Não dá pra (re)nascer feliz todos os dias, mas que serei diferente, este é um fato.

(Re)Nascer todos os dias não é fácil. É se aprender todos os dias. A água quando é nascente não sabe que é nascente, muito menos que um dia será rio e nem sequer sonha que um dia será mar.

(Re)Nascer dói, um bebê ao nascer não chora à toa. Está assustado, tem medo. Não sabe se é nascente, rio ou mar, ou quem sabe virá a ser os três. Eu mesma nem sei se já sou rio, ou se um dia chegarei a ser mar, ou se já sou nascente, rio e mar...  Sei que estou aproveitando a viagem, passando por pedras, troncos e lindas cachoeiras.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Personagem agora vive em mim

- Então quer dizer que você é uma assassina?
- Sim, psicopatas entram na classe de assassinos.
- Você se considera uma psicopata?
- hmm, sim. Minhas vitimas possuem algumas características semelhantes, se uma pessoa não se enquadra nessas características, não pode ser minha vitima. Sem contar que eu sempre sigo o mesmo ritual ao matar minhas vitimas.
- Hmm, interessante. Você andou estudando sobre isso?
- Sim doutor, fiquei curiosa em saber o porquê eu sempre segui esse estilo de assassinato, pesquisei sobre o assunto e agora estou aqui para entender melhor.
- Então você só está aqui para entendimento?
- Sim.
- E o que você quer entender?
- Minha mente e o porquê tenho que matar essas pessoas.
- Quando foi a primeira vez que matou? Quem foi sua primeira vitima?
- Ahh, o nome dele era Diego. Eu tinha 16.
- Hm. Conte-me mais sobre o Diego e sobre sua morte.
- Bom, eu o conheci eu tinha 13 anos, ele tinha 18. Ele era alto, forte, tinha olhos azuis, ou verdes, não me lembro muito bem, ele tocava violão, era lindo. Hahaha todos eram. Eu me apaixonei por ele. Eu era uma criança e ele me deu abertura para que eu me apaixonasse. Mas alguns meses depois ele arrumou uma namorada. Aquilo pra mim foi a morte, eu morria a cada segundo do meu dia. Eu nunca havia me apaixonado antes e aconteceu de eu me apaixonar por um babaca. Eu já estava com 16, ainda gostava dele, mas o pior era como ele me olhava. Ele sentia dó de mim. O olhar dele era pura pena.
- Você ainda o ama? Seus olhos estão... brilhando? São lágrimas?
- Hum! Não o amo. Tenho dó dele. Ele não precisava ter morrido. Era só ter me amado ou não ter me feito amá-lo. Eu o acertei na cabeça com um porrete, ele perdeu os sentidos. Quando acordou, estava amarrado e amordaçado. Comecei a fazer com ele o que ele havia feito com meu coração. Comecei tirando unha por unha, agora já não havia dó em seus olhos... idiota! Depois os dedos dos pés, depois os das mãos. Não sou boa com facas e já havia muito sangue, então finalizei com um golpe na cabeça.
- Mas e a família dele? A polícia não foi atrás do assassino?
- Foi, mas ninguém encontrou os assaltantes que entraram na casa e alem de matar o filho deles, roubou cerca de cinco mil reias em joias e destruiu a casa toda.
- E todas as vezes você seguiu o mesmo ritual?
- Sim.
- E o que você sentiu?
- Com o Diego?
- Sim
- Satisfação em ver os olhos dele não sentirem dó de mim. HAHAHAHAHA
- Quantos você já matou?
- Oito.
- E em todas às vezes se sentiu satisfeita?
- Hmm, algumas vezes e me sentia triste. Quase viúva, mais depois da morte, muito satisfeita.
- E você tem alguma próxima vitima em mente?
- Você é muito esperto, doutor.
- Por que eu?
- Você sabe o porquê.
- Julia, faz tanto tempo... Para que isso agora?
- Ahh Jeferson... porque agora é a hora... oh oh oh, não adianta correr, não! Você logo logo vai perder a consciência.
- Cadê o porrete?
- Que porrete, meu amor?
- Julia, você está me assustando, não me olhe assim. O que colocou em minha bebida?
- Viu baby? Você é muito inteligente! Pena ser tão lerdo!
- Ju, a gente pode conversar melhor...
-Tarde de mais, baby.

domingo, 23 de setembro de 2012

Echoes no escuro



Eu estava deitada em minha cama, no escuro, ouvindo echoes quando eles chegaram. Eram cinco grandes fantasmas. Eles vieram com uma forte luz no meu rosto que me cegou por instantes. Os fantasmas vieram com um presente estranho, uma blusa com mangas longas, tão longas que chegavam a ser muito maiores que meu braço. Eu não queria o presente, eles faziam questão que eu usasse. Eu protestei. Gritei. Debati-me. Mas eles eram fortes e insistentes, tive que usar a blusa.
Os fantasmas me pediam calma e isso me irritava mais. Queria voltar pra o escuro, escutar echoes até a minha cabeça estourar. Quem mandou ligar a luz? Gritei mais forte. Um deles me deu uma ferroada no braço e meu ódio aumentou subitamente. Desejei a morte de todos. Inclusive a minha. Agora meu braço latejava. O veneno do fantasma era forte e eu senti entrar em mim gélido, quase como a morte. Comecei a sentir cada gota do veneno entrar em meu corpo, me levando à um estado de embriaguez profundo. De repente, senti a luz se apagando aos poucos, a dor do meu braço sumindo, as vozes nervosas dos fantasmas se apagando e só ficaram os echoes.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sonho parece verdade...


Essa noite eu sonhei com você.
No sonho, você sorria pra mim com seus dentes brancos e perfeitos e com seus lábios grossos esticados. Era um sorriso sincero. Até no sonho você foi sincero. Sua melhor característica, sinceridade. Talvez, sua única boa característica.
Seus grandes olhos castanhos brilhavam feito pérolas polidas. Brilhavam bêbados marejados. Lindos.
Você não falou comigo, não precisou. Suas expressões falavam melhor do que qualquer palavra que pudesse sair de sua boca.
No sonho você não disse uma só letra, talvez porque você não saiba dizer coisas doces, tal como era seu rosto, ou talvez você não tenha dito nada simplesmente porque apaguei sua voz de minha memória, mas ainda sinto seu cheiro em noites quentes de verão. 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Casualidades... parte 4


Muito tempo passou. Eles ficaram meses sem ao menos trocar um sms. Das ultimas vezes que se falaram, Manú havia sido muito ignorante, ela sabia como afastar as pessoas que ela mais amava de si, e mais uma vez, assim o fez.

Depois de meses, como se nada fosse, ela ele foi atrás de Leandro. O que ela sentia por Thiago já havia acabado, havia virado nada e a saudade de seu grande amigo bateu.  Saudades de ouvi-lo tocar e ela cantar junto, saudades de assistir as lutas de UFC e de jogar vídeo-game juntos. O que havia acontecido entre eles ela havia apagado da memória.

Manú pegou o celular e escreveu “Morreu?” para Leandro, em menos de dois minutos, chega a resposta: Casa comigo? Comprei um AP, ele está na planta ainda, mas quando ele ficar pronto, eu quero me casar com você.
Manú ao ler tais palavras tremeu, lágrimas rolaram pelo seu rosto, mas ela não chorava. Seus dedos correram pelo teclado do celular respondendo “Vem aqui ou vou aí? To com saudades.”. Ele não respondeu.

Olhando pro celular, ela reviveu aquela noite, aquela noite cheia de musica, vinhos, braços e abraços, mãos, beijos... Aquela noite passou como um filme em sua memória, agora limpa, como se o tempo tivesse lustrado aquele dia.

Foi quando a campainha de sua casa tocou, era Leandro na porta.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O moço de grandes olhos.

Inteligente, entendia de números e de palavras, as usava muito bem por sinal, principalmente se fosse para machucar alguém. Não era bonito, mas a inteligência dele o deixava misterioso e charmoso. Um ótimo entendedor de música, sabia tudo de tudo o que era bom.

Estúpido, grosso, frio e calculista, não se importava com o que os outros poderiam sentir. Afastou a pessoa que mais amou de si, afastou também a pessoa que mais o amou. Construiu um muro, não tinha novos amigos. Não tinha ninguém. Os antigos amigos foram os que ficaram (bah! Amigos não são só para beber cerveja). O muro foi ficando alto, alto, alto, até que ele não conseguiu ver o outro lado. Esqueceu pessoas e lugares, alguns princípios também. O muro ficou tão alto que nem as palavras o alcançavam mais. Só lhes sobraram os números.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Vazia

Vazia de tudo eu ando.
Olho os rostos sem expressões,
Ouço as conversas vazias,
Sinto as almas vazias.

A chuva fina cai sem muitos estragos.